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quarta-feira, 22 de julho de 2009

ENTREVISTA COM O MINISTRO DA SAÚDE SOBRE "GRIPE SUÍNA"


Ministro da Saúde José Gomes Temporão fala, sobre cuidados para evitar contágio e as ações do governo

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, tira dúvidas sobre a nova gripe.

Bom Dia Brasil Um laboratório australiano começou a testar a vacina contra nova gripe em humanos. Será que finalmente vamos ter a vacina?

José Gomes Temporão – É uma boa notícia. Chamo a atenção de todos os anos vacinamos idosos contra a gripe comum, que chamamos de gripe sazonal. Esse ano, vacinamos 18 milhões de idosos. Mas para essa nova gripe, como é um vírus novo, que sofreu mutações, ainda estamos produzindo a vacina. Essa notícia é importante porque já temos uma vacina, que está sendo testada em pessoas, para que se tenha certeza de que essa vacina protege adequadamente.



Em primeiro lugar, que ela não causa efeitos colaterais graves em quem vai recebê-la. Mas esse é o primeiro passo. O segundo: há uma grande expectativa do mundo inteiro para que tenhamos uma vacina que proteja a população contra essa doença. No hemisfério norte, eles estão chegando ao inverno, que é em outubro, novembro. A expectativa é que essa vacina esteja disponível para uso no hemisfério norte nesse prazo.



No Brasil, usaremos essa vacina no inverno do ano que vem, em maio e junho. Por isso, temos ainda um tempo. O Instituto Butantan, em São Paulo, que tem capacidade industrial e tecnológica, e parcerias com um laboratório francês será, com certeza, umas das instituições que produzirá a nova vacina para uso no país.


Há uma corrida aos postos de saúde. A população está com mais temor, até porque não há informações completas sobre esse vírus. Vamos relembrar o que as pessoas devem e o que não devem fazer.

Todos os anos, durante o inverno, as temperaturas baixam, as doenças respiratórias circulam com mais rapidez. Há uma tendência de as pessoas ficarem em ambientes fechados. Tudo isso favorece a transmissão de doenças que causam problemas de gripe, de resfriado e de pneumonia. Um dado importante é que em julho do ano passado, morreram no Brasil, de complicações da gripe comum, 4,5 mil pessoas.



Essa gripe tem características extremamente semelhantes à gripe comum, do ponto de vista dos sintomas, da evolução clínica, da letalidade e também do tratamento. São idênticas desse ponto de vista. É como se tivéssemos, nesse momento, dois vírus circulando no Brasil: o da gripe comum, que acontece todos os anos, e o da nova gripe. Do ponto de vista prático, para nós, não há nenhuma diferença entre um e outro. O médico vai fazer o diagnóstico de uma síndrome gripal.

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Uma das principais dúvidas que percebo nas pessoas é “por que não estou fazendo exame para ter certeza de que tenho a nova gripe?”. Porque não tem nenhuma relação entre o exame laboratorial de certeza e a conduta clínica, nem diagnóstico, nem tratamento. Essa doença se trata da mesma maneira, a conduta do médico é exatamente igual ao da gripe comum. O que temos agora são pessoas com sintomas de gripe, que têm que ser bem atendidas, e que se evite que grupos de risco possam complicar a evolução da doença e possam morrer.



Temos que internar essas pessoas, tratá-las adequadamente com medicamento especifico, que é o mesmo para as duas doenças, e salvá-las.

A medicação para quem está com a nova gripe é a mesma usada com gripe normal? O senhor também pode falar um pouco sobre os perigos da automedicação?

Uma das dúvidas mais recorrentes que tenho percebido é sobre o tratamento. Muito se pergunta por que não há acesso para tratamento na farmácia. Não houve nenhuma proibição do governo em relação à venda do medicamento em farmácias.



Essa foi uma decisão do laboratório produtor, pois há uma grande demanda no mundo inteiro e ele não tem medicamento para entregar nas farmácias. Por outro lado, nesse momento, se tivéssemos o remédio nas farmácias, haveria uma corrida, automedicação. É preciso dizer que todo medicamento tem efeitos colaterais.



Você pode estar tomando remédio para algo que não há indicação. Pode ser uma outra virose, outra doença. E quanto mais se usa medicamento, quanto mais o vírus entra em contato com o medicamento, maior o risco de ele desenvolver resistência ao novo produto. A única arma que temos nesse momento é o medicamento. A vacina ainda está sendo testada. Então temos que preservar esse remédio.



Estamos usando medicamento em duas situações específicas: grupos de risco (crianças, idosos, mulheres grávidas, pessoas com doenças crônicas e pessoas que se tratam de doenças que podem reduzir a imunidade) e pessoas saudáveis que comecem a doença com quadro grave. Essa avaliação tem que ser feita pelo médico. As pessoas não têm que ir para hospitais. Se você tem plano de saúde, você tem que procurar o médico que te acompanha ou o ambulatório do plano. Se usa o Sistema Único de Saúde (SUS), tem que procurar o posto de saúde, o médico de saúde da família, a policlínica ou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

O governo acaba de receber 50 mil novos tratamentos. O estoque ainda vai ser reforçado?

Temos nove milhões de tratamentos da Fundação Oswaldo Cruz em matéria-prima, que estão sendo encapsulados. Nas próximas semanas, vamos receber mais 150 mil tratamentos. Ontem, chegaram mais 50 mil tratamentos que estão sendo distribuídos para os estados onde a situação é mais delicada: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, principalmente. Mas todos os estados vão receber o medicamento específico.

O uso de álcool gel ajuda a evitar a gripe? Dividir refeições com alguém que pode estar gripado é uma forma de contágio?

Quando o ministério diz que o vírus circula no país, tem gente que acha que o vírus está andando por aí. Vírus não anda. Estão nas pessoas e as pessoas infectadas, ao tossir e espirrar, projetam material biológico no ambiente. As microgotículas desse material têm o vírus e podem ser depositadas sobre uma mesa, no teclado de um computador. Estudos mostram que o vírus pode sobreviver, nesse ambiente, entre 24 e 72 horas. Se você coloca a mão em uma dessas áreas contaminadas – nós, durante o dia, colocamos a mão no rosto, sem perceber, inúmeras vezes – você pode estar se contaminando. Por isso, a indicação é lavar as mãos com água e sabão várias vezes ao dia. O álcool em gel substitui a lavagem das mãos.



Se você está tossindo e espirrando, proteja a boca e o nariz com lenço descartável ou com um lenço de pano que seja de uso exclusivo. Em hipótese alguma, compartilhe copos, talheres, pratos com outras pessoas.

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