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quinta-feira, 31 de julho de 2008

A MALA

Comecei a arrumar a mala da minha vida, peça por peça. Quando ainda era criança, me parecia fácil esse trabalho, se as peças se encaixassem ou não, não fazia a menor diferença; eu pondo-as dia-a-dia sem me importar com cores, formas ou combinações, se ficariam lisas ou amarrotadas. Conforme eu ia crescendo mais e mais peças iam surgindo. Comecei, então, a sentir preocupação em arrumar as peças de forma que combinassem . Com essa preocupação foram surgindo as dificuldades. As peças de minha mala, de repente, me pareceram um grande quebra-cabeça onde tudo tinha que se encaixar e parecer bonito para mim. Mas ninguém me compreendia, meus pais não me compreendiam. Quantas e quantas vezes surgiram pessoas que desfizeram a minha mala, por maldade, ou sem querer. A mala da minha vida! Quantas peças despedaçadas!
Eu não desistia e como era ambiciosa procurei ampliar minha mala, mas infelizmente, durante muito tempo, ela se manteve vazia. Até que surgiu alguém que sentiu necessidade de preencher aquele vazio . Como fiquei feliz! Suas peças se encaixavam com as minhas em perfeita harmonia. Passamos muitos e muitos anos de nossas vidas dividindo este espaço. Mas por mais que tentássemos nunca conseguimos arrumá-la por completo. Ela estava lá, sempre aberta, a espera de algo mais, esperando, talvez, pelas peças finais de nossas vidas.
Não tive filhos, tivemos que preencher o espaço reservado, com tanto carinho para eles, por coisas de menor importância. O tempo ia passando e a necessidade de arrumar a mala ia aumentando . Precisava arrumar a mala... quase consegui. Estava vivendo um dos momentos mais felizes da minha vida, quando um certo dia, houve uma ventania, tudo ficou escuro e sombrio, as peças da minha mala foram atiradas para fora, uma a uma. não tinha mais forças para arrumá-la. Algumas pessoas que gostavam de mim, jogaram flores dentro dela. E ela foi fechada...sem eu nunca Ter conseguido arrumá-la. A mala da minha vida. A mala

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