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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quero falar de Jesus. Eu, Verena, a Paralisia cerebral e Jesus vamos lá.
A minha caminhada rumo ao evangelho se deu de uma maneira muito racional, eu questionava, dentro de mim, todas as informações e afirmações que eu recebia, mesmo porque algumas coisas me pareciam contraditórias, como por exemplo, Deus te ama, tem um plano para você, Ele quer o melhor para você te dar vida em abundância e, etc..., ora se Deus tivesse chegado para mim e dito: - Márcia, para você ser escolhida por mim, você vai ter que ter uma filha deficiente, você aceita? - Eu precisava entender o que era ser escolhida por Deus e porque de um plano para mim, e se neste plano estava incluída uma coisa tão terrível como àquela doença, como poderia Ele me amar. Que coisa terrível era ser escolhida por Deus, significava doença, dor, sofrimento, com certeza eu teria respondido não. Além do mais, por que eu? O que Deus um ser tão supremo, onipotente, criador de todas as coisas poderia querer com alguém como eu. A igreja católica não havia me aproximado de Deus, a visão que eu tinha Dele era de algo distante, mas aos poucos eu ia me aproximando, o sofrimento , ao contrário, do que se poderia esperar, não me cegou. Eu lia a Bíblia e sentia Deus falando comigo, a doença da Verena realmente não tinha nada de especial, especial era a cura da minha doença e a forma como o Espírito Santo ia trabalhando no meu coração.
Eu começava a conhecer Deus, a ter intimidade com Ele, Jesus estava vivo e podia me ouvir.
Quando a Verena teve as primeiras convulsões, eu olhava para ela e eu a via se encolher como se estivesse sentindo dores de barriga e os seus olhos se reviravam e aquelas coisas estranhas duravam alguns segundos, eu não sabia o que era mais eu sentia medo por que não era normal. O meu primeiro encontro com o Jesus vivo se deu num desses momentos de convulsão, eu me ajoelhei ao pé da cama, onde ela estava, e me dirigi pela primeira vez diretamente para Jesus dizendo: - Eu sei Jesus que existe alguma coisa dentro da cabeça dela, e que não é normal, faça o que quiser comigo, mas com ela não . Com toda a sinceridade de uma mãe desesperada eu dei naquele momento a permissão que Ele precisava para tomar conta da minha vida, a partir daquele dia o diabo não teve mais poder sobre a minha vida, eu tinha aceitado a Jesus sem mesmo saber que era isso que estava acontecendo, acho que hoje eu posso encontrar um nome para isso: Libertação.
Eu fui discipulada, não aceitei a Cristo envolvida em sentimentalismo ou para obter a cura da Verena, mas porque depois de mais de um ano do seu nascimento eu entendi o que era o plano da salvação.
Essa é a história de Verena sim, mas é também a história do maior e mais belo amor que existe, o amor de Deus, e prova que o homem é capaz de amar o feio, o anormal, aquilo que o incomoda, que foge aos padrões que a sociedade estabeleceu para ser feliz.

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