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terça-feira, 30 de setembro de 2008

A certa altura eu cheguei à conclusão, de que o título do livro deveria ser Os deficientes, seus pais e os Terapeutas “, os três interagem continuamente e o livro ensina muito aos três”.
Quantas vezes eu quis cair mesmo, desmoronar e dizer eu desisto. Certamente o meu cair seria o dela também, e em condições piores, e aí estava eu mais uma vez respirando fundo e indo em frente. Se nós nos aprofundarmos muito na frustração e na dor, encontraremos inesgotáveis opções de sentimentos que poderiam alimentar essa sensação, é preciso se ater ao que realmente pode ajudar, o tempo corre contra ela, não há tempo para lamentações.
Esse sofrimento é real, não é apenas relatos poéticos de uma mãe de deficiente, não é imaginário, é vivido dia a dia. O mesmo sentimento que uma pessoa normal tem, apenas com mais intensidade e freqüência.
Escrevi em 01/12/93, na página 202: Tudo na vida tem seu lado bom. Toda experiência vivida leva ao crescimento, ao conhecimento, a dor traz mais questionamentos que a alegria, e você acaba buscando algo dentro de você que existe e é real e tudo se torna suportável e porque não dizer feliz!
É preciso assumir o sofrimento, sentir a dor, chorar, só assim você chega à consciência de que tem de fazer algo para suportar, para continuar vivendo.
Escrevi isso porque o livro tratou de uma questão inevitável, existe a escolha entre enfrentar a experiência de frente ou fingir que nada está acontecendo e que não fomos afetados pelo lado sombrio da vida.
Eu tomava a consciência de que teria que fazer três coisas: sofrer, aceitar e aprender a lidar com tudo aquilo. Se eu sofresse eternamente não aceitaria, e não aprenderia, e tudo se tornaria até certo ponto insuportável. Aprender sem aceitar seria hipocrisia, pois ela chorava, comia e tomava banho, eram coisas práticas que só a aceitação lado a lado com a paciência me ajudariam a prosseguir.

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